Os atrasos nos repasses de recursos da União para as construtoras que têm obras em andamento na Faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no Ceará chegaram ao limite. Segundo o Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), pelo menos 15 empresas, responsáveis pela construção de aproximadamente 10 mil unidades, devem paralisar as atividades nos próximos dias.
De acordo com o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro, os atrasos chegaram a 90 dias e a dívida está em torno de R$ 35 milhões somente no Estado. Os empresários do setor enfrentam falta de repasses desde o fim do ano passado.
A Faixa 1 é a que atende famílias com renda de até R$ 1,8 mil, que financiam o imóvel em até 120 meses, com prestações a partir de R$ 80. O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) é o responsável pelos repasses.
Para o diretor de Obras de Interesse Social do Sinduscon-CE e presidente da CR Duarte Engenharia, Clausens Duarte, a situação atual "mostra o descaso do Ministério com o programa". Ele explica que verba de R$ 1 bilhão liberada em junho colocaria os pagamentos em dia, o que fez o setor ganhar confiança e continuar obras a partir dessa garantia, "mas o dinheiro não veio, os atrasos aumentaram".
Com isso, é estimada a demissão de aproximadamente 10 mil operários no Ceará até o fim do ano. No Brasil, os desligamentos devem chegar a 200 mil. "(Paralisar as obras) Era tudo que a gente não queria. Mas, desde o início do ano enfrentamos dificuldades", complementa.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, diz que o MDR precisará pagar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 1,7 bilhão até o fim de 2019 em atrasados. "Desde janeiro provocamos o ministro (do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto) para estudar os contratos e renegociá-los para caber dentro da realidade que o País pode pagar hoje. Não tivemos qualquer resposta até o momento".
O POVO Online