A assinatura de um acordo de entendimento para exploração de urânio na mina
de Itataia, no município de Santa Quitéria, foi objeto de críticas durante
pronunciamento do deputado Renato Roseno (Psol), no tempo de liderança
partidária da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Ceará, nesta
quinta-feira (08).
O parlamentar, que integra a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do
Semiárido da Casa, criticou a medida e a exaltação por parte do governador
Camilo Santana. “É no mínimo estranho que um governador, que é analista
ambiental do Ibama, se regozije de incentivar um modelo econômico
concentrador, socialmente injusto e ambientalmente destrutivo”, afirmou.
Segundo Roseno, o modelo de energia nuclear é sujo e perigoso. “O Governo do
Estado deveria estimular outras matrizes energéticas. A produção de energia
nuclear é perigosa para o meio ambiente e para as pessoas em todos os estágios
da sua cadeia produtiva. Vários acidentes que acontecem recorrentemente nas
usinas existentes comprovam isso”, alertou.
Roseno explicou que o licenciamento da exploração foi cancelado pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), não
apenas pelo perigo intrínseco, mas porque o projeto não esclarece pontos
importantes, principalmente no tocante à segurança dos resíduos. “No novo
projeto, mais uma vez, não se explica que tecnologias serão usadas, nem de
onde será tirada a água para a exploração, e nem a situação dos resíduos”,
disse.
Segundo o parlamentar, foi anunciado que haverá uma “pilha de resíduos”. “Mas,
nesse caso, os resíduos são o próprio urânio, que contamina o solo e, através
dele, a água, e as pessoas”, argumentou. Roseno questionou ainda o alto
consumo de água que a usina utilizaria, afirmando que o projeto anterior
previa a utilização de 115 carros-pipa por hora, enquanto o projeto atual não
determinou ainda o gasto.
Os argumentos de que a exploração gerará emprego e renda e transformará Santa
Quitéria “em um novo Pecém”, conforme Roseno, não se sustentam. “Todo
argumento em torno da justificativa do projeto de exploração de urânio é
equivocado. Queremos enfrentar a miséria e a pobreza de forma sustentável em
curto, médio e longo prazo”, defendeu.
Blog do Edison Silva