Conquistar o tão sonhado diploma de Ensino Superior tem sido um desafio para,
pelo menos, 45 estudantes, que terminaram a graduação em Educação Física, mas
ainda não receberam o documento. O caso, que é recorrente no interior do
Estado, acontece desta vez em Nova Russas, na região Norte. Com curso
concluído há dois anos, o grupo de alunos chegou até realizar formatura pelo
Instituto Educando de Sobral, mas ainda não tem nada em mãos que comprove sua
graduação.
Everaldo Costa iniciou sua licenciatura em Educação Física em 2014. Com
mensalidade de R$ 210, contabiliza um gasto médio de R$ 16 mil nos quatro anos
de faculdade, somando o material didático. Todas as aulas foram cumpridas
normalmente, sempre nos finais de semana. “Neste período fizemos os estágios e
tudo que pediram”, conta.
Em dois anos começaram a surgir as primeiras complicações, como a mudança da
faculdade que chancelaria os diplomas. “Começamos com uma faculdade do
Maranhão, a IESM, de Timon. Na época, veio a coordenação, prometeu que nós os
visitaria. Hoje, não sei nem se ela existe”, desconfia Everaldo.
Em 2019, aconteceu uma cerimônia de formatura. “Mas não assinamos nada,
nenhuma ata. Apenas um papel que era, praticamente, uma lista de presença.
Temos vídeo, áudios, tudo”, garante Everaldo. Este ano, novas promessas de que
encontrariam outra instituição de ensino para chancelar os diplomas, mas sem
sucesso. “A gente não tem mais esperança. Praticamente tudo perdido. Fomos
lesados, nós e nossos familiares. Foi uma vergonha. Está sendo triste e
revoltante. Pessoas perderam emprego e oportunidades”, completa
estudante.
O problema com o Instituto Educando também aconteceria com outros cursos, como
Letras, Matemática e Pedagogia em outras cidades. “São várias turmas que estão
sendo enroladas. Muitas pessoas e muitas cidades”, conta outra estudante, que
pediu para não se identificar, citando os municípios de Marco e Catunda. Nossa
reportagem não conseguiu localizar estes outros alunos prejudicados.
O presidente do Sindicato dos Profissionais de Educação Física do Ceará
(Sinpefce), Rodrigo Alves, classifica que há um “derrame” de muitos diplomas
irregulares ou, até mesmo, falsos no Estado. “Instituições sem autorização ou
que utilizam brechas na lei, porém ilegais, como aproveitamento de disciplinas
de instituições irregulares e instituições regulares esquentam esse diploma”,
descreve.
A Instituição de Ensino Superior (IES) irregular, que seria o caso do
Instituto Educando de Sobral, cria uma carga horária imprópria e, quando os
alunos descobrem, levam para uma faculdade regulamentada pelo Ministério da
Educação (MEC), onde é aceita e faz a chancela. “Mas isso é irregular. O
conteúdo não é regular. Não deveria ser aproveitado”, ressalta o sindicalista.
O diretor do Instituto Educando, Evandro Moreira, afirmou que está aguardando
a entrega dos certificados por uma nova instituição, que seria a Faculdade
Porto das Águas (Fapag), de Santa Catarina. Os diplomas chegarão neste mês de
outubro. “Inclusive, estou esperando alguns receberem cópias de certidões e
históricos para dar entrada em pós-graduação”, conta.
Diário do Nordeste