A depender da previsão dos profetas da chuva de Quixadá, o ano de 2021 deve ser o ano das águas. Chuva, muita chuva, capaz de encher barreiros, favorecer a agropecuária e dar sustento para quem vive da agricultura familiar. Com capacidade reduzida tendo em vista as medidas de segurança impostas em função da pandemia, 12 profetas da chuva se reuniram neste sábado (23) para a realização de mais uma edição do Encontro dos Profetas da Chuva. O evento aconteceu no Paço da Prefeitura de Quixadá com presença restrita de convidados e imprensa.
O evento é realizado desde 1996 e se consagrou como um dos mais importantes
momentos de fomento à cultura e de valorização da figura do sertanejo que,
sentado no alpendre, vendo o comportamento dos fenômenos da natureza, passou a
realizar suas previsões e arriscar se o inverno será bom, ou se as chuvas
ficarão abaixo da média. Quase sempre as previsões são otimistas, de chuvas
bem acima do que é realmente esperado, fato que se repetiu este ano, por
unanimidade.
Dona Lourdinha, uma das mais antigas profetisas de Quixadá e a única mulher
participante do evento neste ano, destacou que 2021 será de boas chuvas. “Pode
esperar que vai ser um ano de chuva boa, vai vir coisa boa”. A sabedoria
popular se mistura com a ciência e forma a história de personagens que se
dedicam durante todo o ano a observar fenômenos e estudar dados, como o senhor
Luiz Gonzaga, de Camocim, o único convidado desta edição. Ele acertou a
previsão do ano passado e disse que o ano de 2021 deverá ser igual ou melhor.
“Estão falando aí na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), mas esqueceram
de observar o movimento do sol, que está indo do Sul para o Norte”, disse.
Há até quem consiga enxergar um ano intenso, como o senhor Francisco Alves
Batista, um quixadaense que chamou atenção de quem tem pequenos açudes em
propriedade rurais, os chamados barreiros. “Olhe lá se esses barreiros aí
aguentar. O inverno deste ano vai ser como o inverno de 1980. Alguém lembra,
como foi o inverno de 80? Choveu quase um mês sem parar e depois quando parou
foi de uma vez. Pois vai ser assim esse ano”.
O evento dos Profetas da Chuva começou como uma pequena roda de conversa, onde
amigos levavam seus experimentos e compartilhavam experiências e sabedoria
através de previsões. De tão pioneira, a iniciativa foi se expandindo e
ganhando cada vez mais notoriedade. Os Profetas já foram temas de livros,
documentários de TV e até de reportagens especiais. Helder Cortez, idealizador
do encontro desde a sua primeira edição, afirma o potencial que o encontro
possui. “Para a cidade, é uma forma de valorizar a cultura e a imagem desses
profetas. Quixadá foi a primeira cidade do Brasil onde foi construído um
açude, que foi o Cedro, então temos muita representatividade e devemos
valorizar isso”, afirmou.
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