Na avenida mais movimentada do Centro de Santa Quitéria, apenas o entregador empoleirado na moto era visto zanzando entre endereços na noite desta quinta-feira, 25. Sob lockdown desde a meia-noite da quarta-feira, 24, após agravamento da pandemia, é como se a cidade tivesse sido evacuada às pressas.
“Acho que agora as pessoas estão realmente com medo”, diz Daiane Siqueira,
educadora física. “Não saio de casa desde o Natal, a não ser quando é para
fazer um exercício”, fala e aponta o entorno da igreja matriz do município,
vazio àquela hora.
“É como se a Covid tivesse chegado mais perto da gente”, responde a cozinheira
Joelma Santana. Para ela, o lockdown, pela primeira vez decretado pela
Prefeitura e não pelo Governo do Estado, é uma medida necessária. “Se as
pessoas forem iguais a mim, estão felizes com o lockdown. Estamos sabendo que
cada vez mais gente está contaminada na cidade”, explica.
Nas últimas semanas, mesmo com crescimento do número de casos, moradores de
Santa Quitéria ainda promoviam festas clandestinas, conforme relatos de
pessoas ouvidas pelo O POVO. Empresário do ramo de restaurantes, Ernane
Sampaio, 30, lamento as dificuldades para os negócios, mas entende que o
enfrentamento contra pandemia requer ações mais efetivas. “Acho até que
demorou a fechar, porque já estava muito ruim”, avalia.
Da equipe contratada pelo estabelecimento, metade tinha sido dispensada para
ficar em casa nesta semana. A outra metade dava expediente no delivery, cujo
telefone não parava de tocar à medida que a noite ia caindo. “A gente espera
que as pessoas cumpram o decreto mesmo. Estamos com medo aqui”, desabafa o
empresário.
O POVO Online