Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, foram disseminadas inúmeras
informações que propagavam o chamado “tratamento precoce” contra a doença.
Medicamentos receitados contra a malária, vermes e parasitas tiveram altas
expressivas nas vendas no Ceará, ao longo de 2020, de acordo com levantamento
do Conselho Federal de Farmácia (CFF), mesmo sem qualquer informação
científica comprovando a eficácia dos remédios.
Indo na contramão do estado, Santa Quitéria não apresentou nenhuma procura
para o chamado “Kit Covid”. Em um levantamento realizado pelo portal AVSQ, não
existe procura para a conhecida hidroxicloroquina nas farmácias do município.
O remédio passou de 29,5 mil unidades vendidas em 2019 para 51,8 mil em 2020,
um aumento de 75%, segundo o CFF. O medicamento é recomendado por médicos para
tratamento de doenças como artrite reumatoide, lúpus e malária.
Também de acordo com o levantamento, a procura – mesmo baixa – ainda é pelos
medicamentos ivermectina e azitromicina. O maior incremento no Estado ocorreu
com a ivermectina, fármaco aplicado em infestações por piolhos e sarna, cujas
vendas aumentaram 408% entre 2019 e 2020.
O uso desses dois medicamentos - junto com azitromicina, paracetamol e
dipirona - é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do
Governo Federal como medida para prevenir o coronavírus.
O problema mais imediato no uso desses fármacos sem prescrição médica, se
manifesta em possíveis efeitos colaterais, sejam eles mais leves ou mais
graves, como problemas cardíacos e intoxicações por excesso de alguns
componentes ou suplementos.