Após sobreviver a tufão, terremoto e tsunami enfrentados no Japão, o motorista
de aplicativo, Marcio Leite de 52 anos, já coleciona mais de cinco
experiências em que poderia ter perdido a vida. No entanto, foi a infecção
pelo coronavírus, no Ceará, que o deixou com mais medo.
O paulista que mora há oito ano no Ceará ficou internado por sete dias, em
maio de 2020, até vencer a doença. Os pensamentos para o futuro lhe ajudaram a
resistir aos medos e sentimentos desesperançosos vividos no leito para
pacientes com Covid-19 do Frotinha do Antônio Bezerra.
“Mas em questão de medo, por incrível que pareça, eu senti mais medo da Covid,
porque ela me pegou aos poucos. Me deixou com febre, com tosse, com dor de
cabeça. Ela foi me pegando aos pouquinhos. O terremoto ‘vai ali’, um, dois
minutos e acabou, já era. Você pode se proteger. A Covid não. Ela pode levar
sua vida em questão de semana. Te mata aos poucos”, compara.
Nesse período em que ficou internado, ele experienciou desde os sintomas mais
leves da doença, como febre e tosse, até as ocorrências mais graves, como
falta de ar. Mas, o motorista relata, os efeitos psicológicos são tão
impactantes quanto os físicos.
“Quando eu fui transferido para a UTI, tive a sensação de morte. Na UTI, três
pessoas morreram ao meu lado, e passa na sua cabeça ‘será que sou o próximo?'.
O psicológico influencia muito nessa hora”, diz.
Diário do Nordeste