O Ceará é o único estado do Brasil que tem dois jovens embaixadores participando da segunda edição do programa Cidadão Digital, que atua junto a adolescentes de escolas públicas de todo o país em discussões e atividades sobre privacidade, ciberbullying, autocuidado e desinformação, entre outros temas relacionados ao mundo digital.
Ao todo, são 14 embaixadores - escolhidos entre 963 inscritos -, a maioria
universitários de diferentes formações. Entre eles, o quiteriense Rogério Bié,
de 20 anos, egresso da rede estadual e estudante de jornalismo na Universidade
Federal do Ceará (UFC) e que já tem acompanhado um pouco do acesso à internet
em várias regiões do interior cearense.
Os embaixadores fazem o mapeamento de escolas, coletivos ou organizações que
possam ter interesse no programa, entram em contato e apresentam propostas de
atividades, adaptáveis à realidade de cada local. "A dificuldade que percebo é
pela quantidade de alunos nas aulas. Por exemplo: algumas turmas têm 30
alunos, mas participam 13, 16, porque os outros não têm acesso à internet.
Temos uma logística para que os outros alunos que não puderam participar
recebam o conteúdo posteriormente", afirma.
Rogério enfatiza que, embora sejam nativos digitais, os adolescentes abordados
pelo programa ainda não tinham tanto conhecimento sobre privacidade na rede,
criação de senhas seguras, mecanismos para evitar clonagem de conta e dicas
sobre “pegadas digitais”. "São coisas que eles nunca ouviram falar mesmo
mexendo no celular todo dia. Também conversamos sobre respeito e empatia,
violência na rede e socioeducação de prevenção. Alguns se emocionam e falam
como vão multiplicar o conteúdo. Não é só uma aula, é um processo
participativo. Queremos que eles vejam que a internet é um espaço de direito e
pode ter um uso ético, empático, autônomo e com qualidade", conta.
O Cidadão Digital é desenvolvido por meio de parceria entre a Safernet Brasil
e o Facebook, tendo como meta levar atividades sobre cidadania digital para 50
mil alunos e 8 mil educadores das cinco regiões do país até dezembro.
O currículo do programa aborda seis temas: privacidade e reputação online,
criptografia, respeito e empatia nas redes, relacionamentos saudáveis online,
autocuidado e saúde emocional; e educação midiática. O projeto pretende
alcançar adolescentes de 13 a 17 anos, no ensino fundamental e no ensino médio
público, e educadores que atuam no ensino público ou em projetos sociais.